Sem categoria

Operação para combater loteamentos ilegais em Vianópolis e São Miguel do Passa Quatro apreende armas, munições e drone

Na Operação Tavarina realizada na manhã desta quarta-feira, 01 de março, realizada pelo Ministério Público Estadual, Delegacia Estadual do Meio Ambiente e Polícia Civil, foram apreendidos armas, centenas de munições, 17 mil reais em dinheiro e até um drone.

Segundo o delegado de Vianópolis, Bruno Barros, tudo leva a crer que as armas e munições estão em situação irregular. A operação foi realizada nos municípios de Vianópolis e São Miguel do Passa Quatro para combater loteamentos clandestinos.

A operação foi deflagrada em parceria da Polícia Civil com o Ministério Público e visa combater a prática – que é observada em todo o Estado de Goiás – de desmembramento clandestino de imóveis rurais e instalação de empreendimentos de chácaras com finalidade exclusiva de lazer e sem observância do módulo rural (fração mínima de área fixada pelo Incra). Além de proibida pela legislação (artigo 65, do Estatuto da Terra), a prática configura o crime previsto no artigo 50, I e III, da Lei no 6.766/79 (Lei de Parcelamento do Solo Urbano), assim como acaba por sacrificar, dia após dia, o potencial de uma das dez maiores economias brasileiras, que tem, no campo, um de seus maiores expoentes.

A arquitetura dos crimes observados consiste, fundamentalmente, na aquisição pelos loteadores de uma determinada área localizada na zona rural – áreas às vezes vinculadas a algum tipo de impasse judicial e, naturalmente, em relação às quais recaem algum tipo de restrição – e, em um segundo momento, no fracionamento em diversos lotes menores, sempre inferiores ao módulo rural, para, em seguida, realizar a comercialização das frações, quase majoritariamente para pessoas com interesse em edificar ranchos/chácaras de lazer.

Operação combate loteamento irregulares em áreas rurais de Vianópolis e São Miguel do Passa Quatro Foto: Polícia Civil de Goiás

As consequências geradas por esses empreendimentos são de diversas ordens: (a) ambiental, na medida em que a ação humana – edificações, desmatamento, criação de animais, fossas sépticas – nas áreas de preservação permanente impede a regeneração do solo e acelera outros processos de desnaturação da flora local; (b) socioeconômica, uma vez que a desnaturação do módulo rural a partir de sua fragmentação (minifúndios) torna a terra improdutiva e, portanto, antieconômica; e (c) patrimonial, haja vista que, como são irregulares, as terras não são passíveis de escrituração, implicando em prejuízos tanto para adquirentes quanto para a administração pública municipal.

Nesse sentido, foram deferidas pelo juízo de Vianópolis medidas de busca a apreensão nas cidades de Goiânia e Senador Canedo, bem assim a determinação de arresto de bens móveis e imóveis e de indisponibilidade/bloqueio de valores depositados em contas bancárias dos alvos da operação, que, somados, alcançam o montante total de mais de R$ 11 milhões. Tal numerário tem por objetivo assegurar não apenas a reparação dos danos causados (principalmente ao meio ambiente), bem como o pagamento de eventuais sanções penais a serem impostas. A operação teve apoio também da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema).

*Por Célio Silva, com informações do Correspondente Vianopolino e Polícia Civil do Estado de Goiás

Fotos: Polícia Civil de Goiás