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Goiás lidera ranking de trabalhadores em situação análoga à escravidão resgatados em 2023

Um levantamento do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revela que Goiás foi a unidade da federação com mais trabalhadores encontrados em situação análoga à escravidão nos três primeiros meses do ano. Segundo o órgão, foram 365 pessoas resgatadas no Estado nesta situação.

No País, o montante foi de 918 trabalhadores. O segundo Estado na lista foi o Rio Grande do Sul, com 293 resgatados. Em terceiro aparece Minas Gerais, com 82. Os dados vão até 20 de março.

Em Goiás, somente no último dia 17 uma operação de combate à escravidão resgatou 212 trabalhadores do plantio de cana de açúcar, que estavam alojados em Itumbiara e Porteirão – e também em Araporã (MG). Todos atuavam para a mesma empresa que fornecia mão de obra a quatro fazendas e uma usina.

A operação do grupo especial de fiscalização móvel contou com a participação da Inspeção do Trabalho, do Ministério Público do Trabalho, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal.

Este é o maior resgate de deste ano, batendo o recorde dos 207 “escravizados do vinho” de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul.

Os trabalhadores resgatados em Goiás, eram do Piauí, Rio Grande do Norte e Maranhão.

De acordo com o auditor fiscal Roberto Mendes, coordenador da operação, grande parte dos escravizados dormia no chão, em cima de panos ou de papelão.

Resgate feito pelo Ministério Público do Trabalho em Goiás no dia 17 de março Foto: MPT-GO
2022

No ano passado, Minas Gerais liderou o ranking com mais registros de trabalhadores em situação análoga à escravidão. Foram 1.070 resgates. Goiás, em segundo lugar, teve 271 pessoas resgatadas.

Em relação a 2023, trata-se do número mais alto para o período desde 2008, que teve 1.456 resgates. Outros anos com valores expressivos foram 2018, com 705 resgates e 2009, com 888.

Lollapalooza

Recentemente, a fiscalização do MTE resgatou cinco trabalhadores informais que prestavam serviços de logística de bebidas no festival Lollapalooza. Além de dormir no chão ou sobre pallets de bebidas, sem energia elétrica, muitos sem colchão, eles atuavam como carregadores por 12 horas durante o dia (das 7 às 19hs).

A fiscalização verificou que nada era fornecido aos trabalhadores. “Três tinham colchonetes porque conseguiram trazer de casa e os outros dois dormiam sobre papelões e madeirites nos pallets de bebidas”, informou a auditoria fiscal do Trabalho ao dizer que eles também tinham que levar itens de higiene.

“O advogado da empresa apresentou contratos intermitentes assinados, mas não havia nenhuma informação no eSocial, o que foi confirmado depois pelo próprio advogado da empresa”, explicou Rafael Brisque Neiva, auditor fiscal do Trabalho.

Fonte: Mais Goiás

Fotos: Ministério Público do Trabalho em Goiás