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Vice-presidente da Faeg, silvaniense Eduardo Veras avalia que 2023 “foi um ano de safra cheia e bolso vazio” para o produtor rural

“Foi um ano extremamente desafiador. Um ano que nos trouxe surpresas positivas, como o crescimento do PIB, mas foi uma safra cheia com o bolso vazio”. Essa foi a avaliação de 2023 no setor agropecuário feita pelo vice-presidente da Federação Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), o silvaniense Eduardo Veras, ao fazer o balanço em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (7/12).

Em Goiás, a perspectiva é de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) superior a 5%. O setor do agro deve crescer 12,7%, segundo dados do Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB). Em termos de trabalho, o setor gerou cerca de 10 mil empregos em 2023.

Segundo Veras, apesar do recorde em exportações, houve um aumento recorde também no custo de produção. Além disso, o vice-presidente destacou desafios fora do controle dos produtores, como o impacto climático do El Niño, com ondas de calor e chuvas irregulares, assim como os fatores geopolíticos, como a guerra na Europa e no Oriente Médio.

De fato, a soja teve redução de 13% e a pecuária de curte de 12%, apesar de safra recorde e recorde também de abates, chegando a 3.5 milhões de abates de bovinos. A cana-de-açúcar e a pecuária leiteira, porém, tiveram crescimento de 12% e 3%, respectivamente. Mesmo assim, a rentabilidade da soja caiu 67% e a do milho afundou 138%. Além disso, a produção do leite caiu 10,4%.

“A cadeia de soja [teve custo] o mais alto da história. Isso tirou a margem do produtor rural, a rentabilidade. O nosso valor bruto da produção foi de R$97 bilhões. Caímos 4% em relação a 2022. Em algumas cadeias, como a pecuária leiteira, nós tivemos uma um problema muito grande em função das importações de produtos oriundos de importação, que foram 72% maiores em relação a 2022. Isso derreteu a rentabilidade dos produtores”, completa Veras.

Nas exportações, a carne vermelha teve redução de 7% e a soja em grãos de 6%. Já o milho em grãos e o açúcar tiveram aumento significativo de 70% e 71% respectivamente.

Perspectivas para 2024

Para o vice-presidente da Faeg, o ano que vem pode ser resumido em duas palavras: “planejamento e precaução. Esse planejamento é de extrema importância para que o produtor construa realmente seus custos de produção, busque uma produtividade maior por hectare, por metro quadrado, para que eles possam estar competitivos. E essa precaução é justamente em relação a todas as adversidades”, diz.

Ele salienta que em 2024 o El Niño vai se intensificar e estão previstos volumes ainda menores de chuva. Além disso, ainda não está clara como será o relacionamento do Brasil com a Argentina após o presidente eleito, Javier Milei, prometer romper as relações comerciais com o país. Ainda no cenário internacional, há eleições nos EUA e no Uruguai que também podem afetar o relacionamento daqueles países com o Brasil e, portanto, com nossas exportações.

O El Niño, em especial, já está afetando a soja. “Esse atraso do plantio de soja, ele terá interferência primordial a nosso plantio da segunda safra, na safra de milho, porque a janela de plantio está se encurtando e com isso teremos uma menor oferta de milho devido a menor área plantada. Isso interferirá nas demais cadeias porque todas as cadeias são interligadas”, resume.

*Por José Abrão

Fonte: A Redação

Foto: Letícia Coqueiro/AR