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MP denuncia padre Robson e outras 17 pessoas por organização criminosa e lavagem de dinheiro das Afipes

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou nesta segunda-feira (7) o padre Robson de Oliveira e mais 17 pessoas por organização criminosa, apropriação indébita, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro doado por fiéis à Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). Segundo os promotores, o religioso comandava o esquema que desviava as doações. O religioso sempre negou as irregularidades.

Sobre a denúncia do Ministério Público, a defesa de padre Robson disse que não há nada de novo e reafirmou que o padre é inocente. A Afipe disse que confia na Justiça e espera que ao final do processo todas as dúvidas sejam esclarecidas.

A denúncia à Justiça resultou da Operação Vendilhões, que cumpriu mandados em agosto deste ano para apurar o desvio dos donativos. De acordo com a investigações, o dinheiro foi usado para comprar bens como fazendas e casa na praia. Porém deveria ser destinado para a construção da nova basílica, que ainda está em fase inicial de obras, em Trindade, na Região Metropolitana da capital.

Os promotores de Justiça afirmam que o padre comandava a suposta organização criminosa e transferia grandes valores para empresas, com o objetivo de utilizar o dinheiro das entidades como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas.

Manobra de criação das Afipes

De acordo com os promotores de Justiça, o objetivo inicial do padre era expandir e divulgar o Divino Pai Eterno. Por isso, segundo eles, padre Robson organizou a criação da Afipe em 9 de maio de 2004.

Posteriormente, em 15 de março de 2008 foi constituída a Associação Filhos do Pai Eterno e Perpétuo Socorro. Já em 4 de maio de 2009, criaram a Associação Filhos e Filhas do Pai Eterno, todas utilizando o nome fantasia Afipe.

A constituição da segunda e terceira entidades, segundo o MP, foi uma “manobra oculta e dissimulada”, pois muitos dos associados da instituição e membros das diretorias e dos conselhos não sabiam da existência de pessoas jurídicas distintas.

A denúncia argumenta que toda a confusão patrimonial entre as empresas que foram constituídas em nome de outras pessoas tinha objetivo de fraudar e desviar o patrimônio das Afipes.

Apropriação indevida

O MP diz ainda que padre Robson é “detentor de exímia oratória e grande carisma”. Para os promotores, ele usou destas qualidades para conseguir arrecadar vultosos valores para as Afipes, utilizando como argumento principal a construção de uma nova basílica para a devoção ao Divino Pai Eterno.

A investigação aponta que o sacerdote teria se apropriado indevidamente de mais R$ 7,9 milhões das associações Pai Eterno e Perpétuo Socorro, por exemplo, entre 2015 e 2016, em favor de familiares. Consta na denúncia que o religioso, em diversas oportunidades, deixou evidente que tratava como particular o patrimônio da Afipe e das outras duas associações criadas para receber dinheiro de fiéis.

“De posse de valores bilionários, o denunciado Robson se associou a diversas pessoas para desviar bens das Afipes, lesando a entidade e seus associados. Além dos desvios, a organização criminosa utilizou-se de mecanismos para ocultar e dissimular as origens ilícitas, se utilizando de “laranjas” para o êxito do esquema”, diz trecho do documento.

Bloqueio das investigações

A denúncia do Ministério Público de Goiás foi registrada depois de ser divulgado que a Justiça autorizou a retomada das investigações em relação à suspeita de desvio de dinheiro das Afipes. A decisão foi tomada na sexta-feira (4).

Em outubro, a Justiça tinha determinado que as investigações deveriam ser interrompidas por entender que não estavam presentes os crimes apontados pelos promotores.